quarta-feira, 27 de novembro de 2013


Fui à cartomante, para saber do meu futuro. Eu sabia que ele não seria bom, nunca foi mesmo. Minha vida continuaria do mesmo jeito. Ia acontecer muita merda, eu estava fodida e nada melhoraria. Até ai tudo bem, até que ela disse:
- Vejo que alguém vai sair da sua vida.
Senti um aperto no peito e me esforcei para não deixar as lagrimas caírem. Grande coisa, pensei. As pessoas vivem saindo da minha vida mesmo. Um a mais ou um a manos não vai fazer diferença. E se não se forem agora, irão mais tarde. É sempre assim. Sempre foi

(Duda_M)

terça-feira, 26 de novembro de 2013


E agora, o que eu faço? Não consigo parar de pensar nele e naquele sorriso idiota que ele estampa no rosto. Não consigo pensar em outra coisa, que logo vem ele em minha mente. Eu não posso, eu não quero estar apaixonada. Não quero ter que ficar contando a droga dos minutos para vê-lo novamente, não quero ficar feliz quando estiver chegando perto do horário que verei ele de novo, não quero sentir borboletas no estomago. Dessa vez queria evitar essas coisas bobas. Isso não é pra mim, é pra garotas bobinhas que se apaixonam facilmente. Eu não sou assim. Mas que porra está acontecendo agora? Eu não sei como ele conseguiu me conquistar desse jeito. Eu só queria arrancar esse sentimento de dentro de mim e doar para quem quisesse. Eu não queria sentir essas coisas novamente. Não queria alimentar esperanças e depois descobrir que foi tudo fruto da minha imaginação. Não quero ter meu coração partido por alguém. Não quero mais sofrer por causa de ninguém. Eu já passei por essa experiência antes, e, vai por mim, isso é horrível. É como se você estivesse em um campo minado, você tem que tomar cuidado ao pisar em algum lugar, e se não tomar cuidado, puf, vai tudo pelos ares. Não quero mais viver uma guerra dentro de mim. Mas o que posso fazer? Ele acabou me conquistando com aquele jeito de moleque apaixonado, que vive olhando com uma cara de cachorro pidão, que fica pedindo para que alguém o adote. Sem falar no sorriso, que além de apaixonado é também um pouco safado. E o modo como ele anda? Meu Deus, o jeito dele me deixa louca. Mas olha só a merda, não consigo escrever a porra de um texto, sem falar nas coisas que me conquistaram. Era para eu tentar esquece-lo, mas lembro cada vez mais.
- E agora, o que é que eu faço? Tentei evitar ao máximo, mas acabei me apaixonando. Espero pelo menos que dessa vez de certo. 

(Duda_M)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

 (Abra esse link)



Só queria um canto para poder chorar em paz. Um lugar onde eu pudesse gritar, ou algo que me livrasse um pouco dessa dor. É tanta coisa acontecendo. Tudo tão rápido. E de uma hora para outra, você começa a se ver sem saída. Chega uma hora que você fica completamente sem saída, e vê que a única opção que resta é você seguir em frente fingindo que nada aconteceu. Como estava chovendo, deixei que a chuva me molhasse da cabeça aos pés, quem sabe assim e chuva não leva embora um pouco dessa dor? Mas ela não leva a dor embora, nem a faz diminuir. É ai que você começa a se desesperar. É horrível continuar vivendo uma vida assim, onde a dor ocupa seu corpo inteiro, e você fica com vontade de sair desse corpo e entrar em outro, só pra se livrar dessa dor insuportável. Mas não dá, as coisas não são tão simples assim. Seria bom se fosse, não é mesmo? Mas não é assim, e isso doí, e faz você querer fugir parar longe, mas não há lugar nenhum que tiraria todos os problemas da sua cabeça. Não há para onde correr, nem lugar para se esconder. Você acha que não tem como piorar, mas sempre piora. Você pensa que se embebedar vai fazer você melhorar, mas só vai te dar mais dor de cabeça no dia seguindo. É um beco sem saída, onde qualquer coisa que você faça, só vai fazer piorar a situação. A melhor coisa que você pode fazer é segurar firme, como se fosse fosse feito de aço, e não de carne e osso.

(Duda_M)





Cansei, sabe? Cansei desse mundo, dessas pessoas mesquinhas que não pensam em nada nem em ninguém, somente nelas mesmas. Parece que as pessoas fazem de proposito isso. Parece que elas sentem prazer em ferrar com a vida dos outros. Definitivamente esse lugar não é para mim. Não consigo suportar tudo isso. É tanta coisa ruim acontecendo no mundo, e o incrível é que os jornais estão só mostrando esse lado negativo da vida. Será que ninguém gostar de ver coisas boas acontecendo? Queria acordar e ver pelo menos uma noticia boa na tv, pelo menos seria um incentivo para continuar. Não aguento mais acordar e ver as mesmas noticias ruins. Sim, as mesmas, nunca mudam, são sempre guerras, assaltos, enchentes .... Sempre as mesmas coisas. Cansei, simplesmente cansei. Tem uma hora que você para para analisar a vida, e vê que as coisas boas são raras, a maior parte do tempo se resume em destruição. Juro que não consigo entender como é que as pessoas conseguem viver assim. Além disso, tem tantas pessoas fazendo o mal, desejando o mal, semeando discórdia. Será que os acontecimentos ruins que ocorre no mundo já não são suficientes? Por que elas estão sempre buscando mais e mais destruições? Esse mundo cansa. Se não olharmos as coisas boas, não vai ter nem motivo para continuar seguindo em frente. Mas o problema é que ta cada vez mais difícil de ver algo bom em continuar aqui. Parece que os dias melhores nunca chegam. Essa agonia nunca chega ao fim. Esse tormento parece que vai durar para sempre. E quando as coisas começam a melhorar, parece que vem um furacão e coloca tudo fora do lugar novamente. Não sei, só não estou mais aguentando isso aqui. É uma dor que nunca acaba, que esta sempre sufocando e dizendo que não há saída, que nada vai melhorar. Mas ainda espero que um dia esse tormento acabe, e que quando acabar, que não volte novamente.

(Duda_M)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

No primeiro colegial, com treze ou quatorze anos, eu gostava de um garoto chamado Márcio. Ele era branquinho e tinha os cabelos castanhos cacheados. Ele namorava a Priscila, uma menina bonita e riquinha e bailarina e de cabelos lisinhos e amiga de todas as outras meninas iguais a ela. Mas a Priscila e suas amigas não faziam sexo.E todo mundo era louco pra fazer sexo com elas. Eu era o que se podia chamar de beleza indefinida. Não era de todo mal, mas também não era a óbvia lindinha. Cabelo nem pro liso e nem pro cacheado e nem pra nada que pudesse ser um estilo ou moda ou até mesmo um cabelo. Roupas do mesmo jeito. Nem feias, nem bonitas. Corpo do mesmo jeito. Nem magra atlética, nem gordinha desleixada. Um meio do caminho que piorava muito quando era dia de uniforme. Não chegava a andar com as meninas feias mas nunca fui amiga da Priscila e das amigas dela. Eu era média.Foi daí que eu tive a ideia. Eu tinha algo que aquelas meninas não tinham: eu fazia sexo. E calmamente caminhei até o Márcio, na hora do recreio, e falei: quatro horas na minha casa, eu vou fazer sexo com você, tudo bem? Ele respondeu sério, sem rir, sem parar pra pensar: me passa seu endereço que eu peço pra minha mãe me levar. Sai pisando firme, com os olhos apertados e com as unhas enfincadas nas palmas das minhas mãos. Minha vontade era sair correndo e só voltar pra escola na outra encarnação. O que tinha me dado?Pois bem, às três da tarde, sem conseguir conter o coração e o intestino, tento expulsar minha empregada de casa. Mas o que você vai aprontar? Sua mãe sabe que vem um garoto estudar aqui? Maria, cadê aquela minha calcinha de renda branca? Convenço Maria a ir embora às quinze pras quatro. Prometo a ela que, se ela não contar nada pra minha mãe, a deixo ir embora todo dia mais cedo e também não conto nada. Quatro em ponto, vejo da janela do meu quarto um Escort vermelho parando em frente ao meu prédio. Márcio desce cheio de livros. Sua mãe o acompanha até a portaria. Ele entra.Meu coração vai parar na língua. Eu vou fazer sexo. Eu consigo fazer. Ele vai enfiar o pinto dentro de mim. Eu vou ficar bem quietinha até parar de doer. É isso. E amanhã, na hora do recreio, ele vai?. Ele vai o quê? Continuar namorando a Priscila, que é bailarina e tem o cabelo lisinho e é amiga das meninas mais bonitas da escola. E eu? Eu vou ter gêmeos, que ele não vai assumir, e eu terei que ir à escola e fazer as provas apesar da barriga. E serei motivo de fofoca pra sempre. E ele não vai falar comigo porque não sou exatamente linda e nem exatamente muito normal e ele nem é da minha turma. Seu pai vai ligar pro meu “precisa de alguma coisa?”. Meu pai não vai querer falar com ele, porque quem resolve as coisas mais difíceis é a minha mãe. E minha mãe não vai querer falar com ele, porque vai estar internada pelo susto. A campainha toca.Do olho mágico, vejo ele puxando de dentro de um livro e guardando no bolso uma fileira animada de camisinhas. Me sinto ofendida: esse menino tá achando mesmo que vou transar com ele?Eu era virgem aos quatorze e assim fiquei até os vinte e um anos de idade. Mas o Márcio, o garoto mais popular e bonito e charmoso e gente boa da escola, estava na minha casa. Abro a porta. Vejo que ele trouxe os livros de química, física e gramática.Tentando parecer descolada mas tremendo muito, pergunto qual matéria ele quer estudar primeiro. Qual? Ele ri, ensaiado: anatomia. E me empurra pro sofá. E vai direto pros meus peitos, sem nem me beijar na boca. Ah, então acho que é assim, né? Que se trata uma puta ou alguém de quem não se gosta. Aquilo tudo me faz mal demais. Se eu fosse uma princesa, teria um namorado pra ir ao shopping. Mas como sou a garota estranha, ele tenta ver meus peitos. E como eu sempre tive curiosidade em saber como era estar com um garoto realmente lindo e desejado, eu deixo. Mas se eu fosse uma princesa, ele estaria agora nervoso pra pegar na minha mão. Triste, triste, vou ficando tão triste. Por que não sou uma princesa?De repente. Puft. Scatapuft. Trililililim. Não sou mais a garota de treze ou quatorze anos, estranha, com o peito direito pra fora e um garoto inexperiente e afobado em cima deles. Estou ao lado da cena, escrevendo esse texto. Márcio é um ótimo personagem para uma historinha. A garota de calcinha de renda branca que mandou a empregada embora é uma ótima personagem também. Não sinto que ele tenta abrir a minha calça, mas leio “ele tenta abrir a calça dela”. Não sinto que ele começa a querer enfiar sua mão dentro da minha calça, mas leio “e ele começa a enfiar a mão dentro da calça dela”. E fico feliz quando, no parágrafo seguinte, descubro que a garota levanta e grita “chega, desculpa, mas eu não consigo, vai embora, por favor, eu não sei o que me deu de deixar você vir aqui”.Márcio, frustrado e muito tímido, veste sua roupa, devagar, como que tentando ainda pensar em algo que salvasse sua tarde de sexo selvagem. Muito provavelmente a primeira. Ela fica deitada, com a camiseta e a alma amassadas. Márcio vai embora. Ela sente uma dor profunda e se promete duas coisas: um dia vou ser uma escritora e um dia vou ser uma princesa.
— Tati Bernardi. 

sábado, 9 de novembro de 2013


Eu estava em uma praça, passeando pelo lugar, apenas observando a paisagem e refletindo sobre a minha vida. Quando me cansei, decidi sentar em um banco que avistei por perto. Entediado por não estar fazendo nada, decidi fazer aquelas palavras cruzadas, só que eu havia esquecido a caneta. Avistei, vindo em minha direção, uma garota. Ela usava calça jeans azul claro, uma blusinha básica e preta, e estava com fones de ouvido. Ela sentou-se do meu lado e pude sentir seu perfume adocicado.
- Ei – chamei – Poderia me emprestar a caneta?
Esperei por uma resposta e percebi que ela não havia escutado. Chamei-a novamente e ela emprestou-me a caneta. Pouco depois devolvi a caneta e fui embora.
No dia seguinte, fui ao mesmo lugar e na mesma hora, e esperei que aquela garota que eu havia encontrado aparecesse novamente. E ela apareceu. Dessa vez, eu havia levado alguns post-it comigo, e escrevi:
 Lindo dia, não é mesmo? 
Colei no banco para que ela pudesse ler, e então ela sorriu. Dei um bloquinho para ela e ela escreveu:
 É verdade, está um lindo dia. 
Começamos a conversar assim. Todos os dias, no mesmo lugar e na mesma hora, eu ia me sentar naquele banco, só para poder conversar com ela. Até que havia passado dois meses, e havia uma coisa que eu queria saber. Perguntei então para ela.
Posso saber que musica esta ouvindo? 
Ela se assustou quando perguntei-lhe isso, mas decidiu me dar os fones para que eu pudesse ouvir. Mas eu não conseguia ouvir nada. Fiz que não com a cabeça, para mostrar que eu não estava ouvindo nada. Então ela escreveu:
Sou surda. 
Olhei para ela, e seu olhar estava triste. Então eu sorri e escrevi:
Continua sendo linda

Ela sorriu, e eu percebi que não havia nada tão belo quanto aquele sorriso.

(Duda_M

terça-feira, 5 de novembro de 2013


Hoje te vi no ônibus, naquele em que eu costumava te encontrar todos os dias. Você estava tão triste, tão abatido, ficava olhando pela janela com os pensamentos longe. Não sei quais eram seus problemas, mas eu queria muito ajudar. Olhei pela janela para tomar coragem de ir falar com você. Pois é, você me conhece tão bem, eu não fui falar contigo, apenas te observei mais uma vez e fiquei na minha. Minha cabeça estava longe, quando alguém falava comigo, eu não respondia. Aposto que pensavam: "Que menina malcriada, nem pra responder". Mas eu era assim mesmo, quando começava a pensar, não havia ninguém no mundo que me trouxesse de volta, até eu decidir voltar. Mas naquele instante eu apenas conseguia pensar em você. Eu pensava no modo como eu me sentia quando você estava por perto, nos sorrisos que me arrancava, e principalmente, eu pensava no teu sorriso. Ah! o teu sorriso era minha perdição. Era um sorriso sincero, meio moleque e meio apaixonado. Quando te observei sorrir desse jeito, me encantei, pensei comigo mesma "Que fofo, um garoto todo apaixonado. Sei pelo sorriso que exibe em seu rosto". E desde então jamais o esqueci. São poucas coisas que prendem minha atenção desse jeito, e isso fez parte dessas poucas coisas. E juro, eu levarei essa lembrança para sempre em meu pensamento. Não só pelo modo de sorrir, mas pela sinceridade que tinha.

(Duda_M)

domingo, 3 de novembro de 2013

"Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na lagartixa regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça."

(Caio Fernando Abreu)


sábado, 2 de novembro de 2013


- Hey, Pequena - falei, erguendo seu queixo e fazendo-a olhar para mim.
Seus olhos estavam vermelhos, e as lagrimas ameaçavam cair.Ela olhou em meus olhos e sorriu.
- Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem.
Abracei-a forte, tentando protege-la do mundo. Ela se aninhou em meu peito.
- Ah se eu pudesse tomar toda essa dor de você. Não gosto de te ver sofrendo assim. Você não merece.
- Com você aqui comigo, tudo fica mais fácil de suportar - ela se afastou e me olhou cm um brilho intenso nos olhos. - Você é meu porto seguro, Anjo - ela baixou o olhar e ficou em silêncio.
- O que foi, Pequena?
- Nada, é só que ... - ela hesitou.
- É só que...? - perguntei.
- Eu tenho muito medo de te perder - ela falou, enfim, com lagrimas nos olhos.
Puxei-a para mais perto de mim, e a beijei
- Eu nunca vou te deixar - falei, com minha testa encostada na dela. - Eu te amo, Pequena. Sempre vou te amar.
- Eu te amo bem mais - ela disse, me beijando novamente.
E naquele momento eu percebi o quanto a amava. Jamais sentira por ninguém o que eu sentia por ela. Jamais quis proteger ninguém, como eu queria protege-la. Tudo o que eu queria era vê-la feliz, e eu iria até o inferno para conseguir isso. Eu a amava, e se ela aceitasse, eu passaria minha vida inteira ao seu lado.

(Duda_M)